sexta-feira, 27 de novembro de 2015

E aí, qual a boa do final de semana?


Sexta a Domingo

Reino Unido


Itaboraí/RJ


Sexta e Sábado

Mauá/SP




Sábado

Duque de Caxias/RJ


Cabo Frio/RJ


São Paulo/SP




Rio de Janeiro/RJ



Domingo

São Gonçalo/RJ


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Viva Zumbi + Agenda do final de semana

Dia 20 de Novembro - Dia da Consciência Negra

Imagem do Google


Depois de quatro anos de Blog, é natural que alguns assuntos já tenham sido abordados e por isso, a postagem de hoje é para relembrar o que já falamos aqui sobre Zumbi e consciência negra.

Se você não conhece a avó de Zumbi, essa é a sua postagem :


Se a ideia é ler mais sobre Zumbi e ler uma reflexão sobre o dia de hoje, clique aqui:

A morte de Zumbi e o Dia da Consciência negra.


Pesquisando daqui e dali, encontrei um curta de animação sobre Zumbi e  compartilho com vocês.


E vamos de agenda?




E aí, qual a boa do final de semana?



Sexta a Domingo

Porto Alegre/RS




Natal/RN


Sábado

Vila Velha/ES


Rio de Janeiro/RJ


Monte Carmelo/MG


São José de Ribamar/MA



quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Nossa história: Aqualtune - Princesa escravizada

Imagem do google


Filha do Rei do Congo, Aqualtune liderava um exército quando foi feita prisioneira. Após sua derrota na Batalha de Mbwila, a cabeça de seu pai foi cortada e exposta em uma igreja, enquanto ela foi vendida como escrava.

Aqualtune sofreu violência sexual numerosas vezes durante a torturante viagem e já chegou grávida em Recife/PE. Não há confirmação se a gravidez foi fruto de um dos estupros, ou se Aqualtune já teria embarcado grávida no Tumbeiro.

No Engenho de açúcar, em Porto Calvo, Aqualtune ouvia histórias sobre a resistência negra.

Antes mesmo de dar a luz, a princesa arquitetou sua fuga e foi seguida por outros escravos do Engenho. Chegando ao Reino de Palmares, foi reconhecida sua linhagem e dada a ela a liderança, sendo assim criado o Quilombo de Palmares.

Aqualtune deu a luz a figuras ilustres como Sabina, mãe de Zumbi dos Palmares, Ganga Zumba e Ganga Zona, que se tornaram líderes no Quilombo. Uma linhagem destinada a reinar!



Fonte:

SCHUMARER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital.O Dicionário mulheres do Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro. Zahar Editora. 2000




terça-feira, 17 de novembro de 2015

Resenha: A visita, livro de Flávio Saudade*



Recebi o livro da loja Lapa Rio Capoeira para fazer uma resenha para vocês. Só que, mais do que vontade de contar sobre o livro, fiquei com vontade de conhecer o autor da obra.

Primeiro para dizer que o livro é sensacional, daqueles que causam uma grande reflexão e segundo porque eu precisava de uma entrevista. Não poderia deixar passar a oportunidade de conhecer um pouco mais o escritor, o mestre e o ativista social, que largou uma vida no Brasil e foi trabalhar em uma zona de conflito como o Haiti. Então, cheia de expectativas, procurei pelo Saudade* e já temos uma entrevista em andamento. 


*Não se espantem por não estar ali, na frente do nome, o título de Mestre. Na verdade, o próprio Saudade me pediu para ser chamado assim “Deixemos essa coisa de Mestre para os grandes ”, me disse. 









Resenha:


A visita é um livro lindo e tocante e se você espera um relato capoeirístico, vai se surpreender com a delicadeza do relato humano. A visita não é uma aventura de um capoeirista, não é um livro cheio de fundamentos e histórias de rodas e personalidades importantes da capoeira. A visita é um livro que trata fundamentalmente do que os olhos não podem ver sem que a alma esteja disposta a perceber. 

Através de uma narrativa fácil e dividida em fatias (vai ter que ler para entender) o autor introduz uma personagem que vai nos ajudar a compreender a realidade vivida em Porto Príncipe, no Haiti.

Entre as experiências reais contadas pelo autor está o Terremoto de 2010 "O terremoto aconteceu no dia 12. Segundo a minha mãe, segundo, porque não recordo de ter dito isso, eu havia dito a ela que precisava voltar para o Haiti, pois iria acontecer uma coisa importante. Na verdade, as minhas férias no Brasil terminariam no dia 15. Mas, não sei porque cargas d’agua solicitei a agência para mudar para o dia 09. Acho que são essas coisas que passam em nossa vida e que não podemos explicar.", disse. E apesar do livro contar essa passagem, Saudade explica que não há como expressar exatamente o que o povo Haitiano viveu " O livro não relata nem de perto o horror que foi o terremoto, todo sofrimento daquele povo já tão sofrido. Menos ainda a força, a coragem e a beleza que aquela gente carrega.", comentou.

Saudade explica que a inspiração veio durante uma caminhada no Haiti, "Eu tinha acabado de discutir com a minha ex namorada e decidi sair para tomar uma cerveja para espairecer as ideias. Enquanto eu caminhava notei que as ruas estavam totalmente desertas. Na verdade, a falta de energia é um dos grandes problemas do Haiti. (..) Ainda assim, as pessoas dão um jeito, sobretudo a noite. É normal ver velas acesas, candeeiros, iluminando casas, banquinhas de comida, venda de roupas, jovens estudando sob a luz de um único poste, sentado na calçada.", contou.

A Visita faz referências ao famoso clássico de Saint- Exupéry, O Pequeno Príncipe, o que me fez morrer ainda mais de amores pela pequena visitante. O autor conta ter sentido, em meio a suas inquietações, que alguém o acompanhava, " Senti a presença de uma criança ao meu lado. Foi um sentimento mesmo. E rapidamente aquele medo se dissipou e a história do livro chegou na minha cabeça: o Pequeno Príncipe visitou o Haiti!", finalizou.

O livro demorou duas semanas para ser escrito e tinha mais referências ao clássico, mas por motivos legais a obra precisou ser alterada. Mas para quem conhece o famosos principezinho de outro planeta, que viajava de carona em meteoros e tinha como única companheira uma rosa, as referências estão explícitas e proporcionam um calorzinho no coração.

Bem, se eu disser mais do que isso estragarei a leitura. 


Sobre o autor:


Flávio Saudade, nasceu em 1977 na cidade de São Gonçalo, Rio de Janeiro. Ativista social, artista plástico, mestre em capoeira teve o seu primeiro contato com o terceiro setor em 1998. Em 2005, iniciou a criação do projeto Gingando pela Paz, iniciativa que utiliza a capoeira para a promoção da cultura de paz em áreas de conflito. No ano de 2008, foi convidado pela Ong Viva Rio para implementar o projeto em Porto Príncipe, Haiti, onde está baseado até hoje. 

Iniciou na literatura após ser inspirado pelo filme Sociedade dos Poetas Mortos. É coautor da publicação “como vencer a pobreza e a desigualdade”, resultado do concurso de redação para universitários realizado pela Folha Dirigida e Academia Brasileira de Letras do Brasil e vencedor do concurso de poesias em homenagem ao centenário de Machado de Assis realizado pela Faculdade CCAA.

Em 2013 recebeu em Paris o prêmio Esporte e Cultura durante o EDUCASPORT MONDE, considerado pelo jornal Le Nouvellisteo fórum mundial do esporte pelas ações do Gingando pela Paz no Haiti. Hoje através do convite da Embaixada do Brasil compõe a equipe de gestão do programa “Capoeira pour la Paix” na República Democrática do Congo, que objetiva utilizar a capoeira no processo de reinserção de crianças utilizadas por forças e grupos armados naquele país.

O livro custa R$ 35 na Loja Lapa Rio Capoeira, entre em contato para reservar o seu. 

Para quem está fora do país, o site da Chiado Editora vende o livro por 12 Euros


Ficha:

A visita
Flávio Saudade
Páginas: 96
Editora: Chiado Editora
ISBN: 9789895140701
Coleção: Viagens na Ficção


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Palestra sobre Autismo abre evento no Rio de Janeiro



No último sábado, 14/11, o Professor Petróleo, Capoeira Terranossa, recebeu pais e capoeiristas para entrega de cordas e batizado no Instituto Santo Antônio, na Pavuna.

Sob olhares atentos, o anfitrião palestrou sobre sua experiência no trabalho com crianças especiais e explicou um pouco sobre o Autismo, distúrbio que ainda tem causas e sintomas pouco conhecidos pela maioria.

Trabalhando há 13 anos na Vila Olímpica da Maré, Professor Petróleo acabou se apaixonando pelas individualidades de cada criança especial e se aprofundando no assunto.

Após a cerimônia de entrega de cordas, os convidados  assistiram apresentações culturais de Maculelê, Samba de roda e Jongo.

Você confere um trechinho do que rolou por lá no vídeo abaixo.






Tem mais fotos na nossa fanpage lá no Facebook. Compartilhe com os amigos e cuta a página para ficar por dentro. No nosso canal do Youtube tem um vídeo inédito, aproveita para se inscrever e assistir os vídeos em primeira mão.


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

E aí, qual a boa do final de semana?

Sexta a Domingo

Vitória/ES



São Paulo/SP


Inhambupe/BA



Belém/PA




Sábado

Rio de Janeiro/RJ



Fortaleza/CE


África do Sul



Campinas/SP



Domingo

Recife/PE


Balneário Camboriú/SC



segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Mulheres que (en)cantam: Graduada Thati


A entrevistada de hoje é do Rio de Janeiro, mas vive atualmente no Espírito Santo, em Bom Jesus do Norte. Thatiany Nascimento, ou Graduada Thati tem 25 anos, 10 deles dedicados a Capoeira.

Para a integrante do grupo Cultuarte Capoeira o começo não foi fácil "Meu próprio professor sempre relembra que ele pensou o que ia fazer comigo, pois eu fazia tudo errado, toda torta, toda dura, nunca tive facilidade.", contou.

Se a Graduada Thati sentiu dificuldades na Capoeira, para cantar o processo foi natural e começou junto com as primeiras gingas.

Vamos conhecer mais um pouquinho desse talento?





(Maíra Gomes) - Como conheceu a Capoeira? 

(Graduada Thati) - Conheci a capoeira através das rodas que meu professor, Mestrando Cavadeira, realizava geralmente aos domingos, na praça da cidade de São José do Calçado/ES. Ficava encantada com os movimentos, com as músicas e com a energia que os capoeiristas transmitiam na roda e ao público em redor. Me apaixonei pela capoeira, mas fiquei durante muito tempo, só indo olhar as rodas, dificilmente perdia uma, nos treinos, na quadra do colégio para ver as aulas, pois tinha muita vergonha de chegar no professor e pedir para treinar. Até que um dia, com desculpa de levar minhas irmãs mais novas para treinar, enfim conversei com o professor, que na mesma hora me deu uma bolsa de um mês e exigiu que eu já começasse a treinar. E assim, em dezembro de 2004 começou minha trajetória na capoeira.. 

(Maíra Gomes) -Quando começou a cantar? 

(Graduada Thati) - Comecei a cantar assim que comecei a praticar a capoeira. Até então, a 1° e única coisa que tive facilidade no início, foi cantar. Ficava atrás do professor e dos colegas de treino sempre quando acabavam os treinos para aprender músicas, e logo já queria cantar na roda.

(Maíra Gomes) -Quem é sua referência em termos de canto nas rodas de capoeira? 

(Graduada Thati) - Carolina Soares

(Maíra Gomes) -Você compõe? 

(Graduada Thati) - Ainda não, mas pretendo. Estou tendo muito apoio de me esposo (Professor Marreta), que é compositor, e de amigos para compor.

(Maíra Gomes) -Qual a sua música favorita e de quem é? 

(Graduada Thati) - Gosto de várias músicas, mas citarei a música Eu não vou desistir!, de composição do meu esposo (Professor Marreta), música esta cantada por mim neste vídeo, que retrata a vida real de muitos capoeiristas que passam, estão passando ou passaram por algum momento de dificuldades, mas que nunca desistem! Acho que muitos se identificarão com a letra e mensagem passada.

(Maíra Gomes) -Você acha que existe resistência dos homens em relação a mulher cantar e tocar na roda? 

(Graduada Thati) - Sim, ainda existe resistência. Geralmente quando pedimos para tocar e cantar, "alguns" homens nos subestimam, às vezes com um simples olhar,de desprezo mesmo, mas isso não me intimida e mostro o porque das mulheres terem conquistado o espaço dentro da capoeira. A mulher tem o mesmo poder de passar um axé gostoso pra roda, acho lindo ver uma mulher cantando bem, tocando um instrumento bem tocado, comandando uma roda de capoeira.

Vamos ouvir a Graduada Thati cantando a música Eu não vou desistir!




Conhece alguma mulher que (en) canta? Manda a sugestão para maira.xarazinha@gmail.com, será um prazer mostrar esse talento para o mundo. Até a próxima!

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

E aí, qual a boa do final de semana?


Sexta-Feira


Petrópolis/RJ

Sábado

Rio de Janeiro/RJ



Campinas/SP



Maracanaú/CE



Domingo

Salvador/BA



Suzano/SP





terça-feira, 3 de novembro de 2015

Entrevista

Mestre Caçapa
Associação de Capoeira Terranossa





Guaracy Guedes nasceu em 1º de abril de 1976, uma data tão irreverente quanto o aniversariante. Carioca, conhecido por sua capoeira firme e seu jeito brincalhão. Não é exatamente unânime, mas sua capoeira nunca pode ser contestada. Um cara polêmico, sem sombra de dúvidas, dono de uma originalidade na forma de falar e agir, que muitas vezes pode incomodar. 
Uma pessoa que, se goste ou não, é impossível não admirar, seja por sua história de vida ou pelo talento como capoeirista. Mestre Caçapa contou sobre sua trajetória, falou de família e de suas inseguranças, um bate-papo único, como o nosso entrevistado.
*A entrevista a seguir foi realizada em Outubro de 2015 e é inédita e exclusiva do Blog Capoeira de Toda Maneira

“Hoje vejo gente querendo ter sem poder e gente querendo dar sem ter. Gente que eu não vi em outrora.”


Mestre Caçapa


(Maíra Gomes) - Conte um pouco do seu começo na capoeira?


(Mestre Caçapa) - Eu comecei a treinar capoeira em 1984, com o Mestre Brinco, que na época era do Grupo de Capoeira de Angola Pelourinho, aluno de Mestre Neco. Minha mãe era empregada doméstica dele e me levava para o trabalho com ela. Eu ficava no quarto de empregada e um dia ele pediu a minha mãe para me levar com ele. Aí ele me levou para a capoeira.



(Maíra Gomes) - Como sua família reagiu quando o senhor começou a treinar?


(Mestre Caçapa) - Minha mãe me apoia até hoje, até porque, ela sabia antes de mim que seria um caminho em que eu seria uma boa pessoa. Toda minha família sente orgulho de mim até hoje. Meu falecido irmão falava que eu era o melhor capoeirista do mundo, risos. Ubiraci Guedes, morto em combate, PM do Rio de Janeiro.



(Maíra Gomes) -Como foi sua caminhada até os dias de hoje?


(Mestre Caçapa) - Comecei com Mestre Brinco no Rio. Em 1988 fui morar em Recife, porque eu era um bom menino e o morro onde eu morava estava muito quente. Minha mãe achou melhor me mandar para Recife para morar com meu irmão. Lá conheci o Mestre Pequena e Mestre Paulo Angola. Fiquei treinando com eles e lá aprendi a Capoeira Regional. Voltei para o Rio e fui morar em Santa Teresa. Lá conheci o Mestre Fogo e comecei a treinar com ele no Grupo de Capoeira Raízes da Liberdade e mais tarde fundamos o Grupo Beriba. Minha primeira graduação foi dada pelo Mestre Fogo e cheguei até o cordel azul. Quando entramos para o Grupo Muzenza, com Mestre Burguês ele pegou estágio e eu a corda crua. Anos mas tarde peguei a corda azul de Instrutor, o Mestre Fogo saiu da Muzenza e eu fiquei. Tempos depois pedi ao Mestre Burguês para me passar para a supervisão do Mestre Cid de Niterói/RJ. Desde então estou com ele. Em 2007, Mestre Cid saiu da Muzenza e eu o acompanhei. Ele sentiu necessidade de montar seu trabalho, montar seu grupo, a Associação de Capoeira Terranossa Brasil.


(Maíra Gomes) - Quem o apelidou de Caçapa?


(Mestre Caçapa) - Assim que cheguei de Recife fui trabalhar de caseiro onde minha irmã trabalhava e o patrão dela conhecia um mestre de Capoeira. Minha irmã falou que eu jogava Capoeira e ele logo quis ver se era verdade. Me levou na academia do Mestre Fogo, me entrosei com a galera e me matriculei para treinar. Em uma descontração com os outros alunos eles me perguntaram qual era o meu nome, eu falei “Guaracy”, aí o Furão e o Bujão, dois irmãos, caíram na minha pele, falando “Guaracy boca grande”, “Guaracy bocão”, “Guaracy caçapa” e aí pegou. Desde então sou chamado no mundo da capoeira por Caçapa, antes eu era Guará.


(Maíra Gomes) -Hoje o senhor vive só de capoeira ou trabalha em outras coisas?

(Mestre Caçapa) - Eu sempre trabalhei, sempre corri atrás de grana. Eu comecei a dar aula quando estava no cordel amarelo e azul. Fui obrigado, eu treinava com o Mestre Fogo e nos desentendemos, fui treinar com Mestre Chocolate, aluno de Mestre Corvão. Ele foi para a França e me deixou cuidando do trabalho dele. Desde então não parei mais de dar aulas, mas nunca vivi plenamente do dinheiro das aulas. Eu trabalhei de tudo na vida, entreguei jornal, trabalhei no lixão separando plásticos, trabalhei fazendo carvão, trabalhei vendendo chocolates nos ônibus, trabalhei de motorista de ônibus, trabalhei de caseiro. Trabalhei fazendo figuração em vários comercias e filmes, como “Tropa de elite 2”, no qual fiz um policial.
Há 10 anos trabalho de segurança, a Capoeira eu tenho como uma filosofia de vida. Estou aqui hoje por conta dela, moro em comunidade e já estive com o pé no crime e a capoeira fez eu ser um ser humano melhor e me mostrou um mundo no qual eu entrei e nunca mais vou sair. Tenho um projeto social, nele as aulas de capoeira são gratuitas. Sou feliz e realizado!


(Maíra Gomes) -O senhor é casado e tem dois filhos, Gabriel e Gabriela. Hoje a Gabriela segue seus passos na capoeira. Ela é mais cobrada por ser filha, além de aluna?


(Mestre Caçapa) - Minha vida melhorou mundo quando casei. Conheci minha esposa na capoeira e tenho 2 filhos com ela, Gabriel e Gabriela. Sou casado há 18 anos. Biel e Biela sempre treinaram capoeira comigo, mas o Biel, apesar de levar jeito, prefere jogar bola. Eu nunca o obriguei a treinar, acho que isso tem que ser por vontade própria, mas fico triste por ele não treinar. Ele seria um bom capoeirista. A Biela, ao contrário dele, adora a Capoeira e por isso acho sim que ela é mais cobrada. Ela é minha filha, né, então, tem que ser exemplo para os outros alunos. Mas a cobrança tem limites, uso a capoeira para cuidar dela, o mundo de hoje está muito complicado. Hoje ela está com 16 anos e essa idade é fogo. A capoeira me facilita a cuidar da formação dela como pessoa e ela sabe disso. Agradeço a deus por ter em minha vida a Vanessa, minha esposa, e meus filhos, Gabriel e Gabriela. Esse tesouro foi a capoeira quem me deu!



(Maíra Gomes) -O senhor foi formado mestre em março desse ano. Era algo muito esperado pela comunidade capoeirística aqui do rio, em função do tempo e da sua atuação. Sempre foi seu objetivo chegar a mestre, ou isso foi uma consequência?


(Mestre Caçapa) - Eu sempre quis chegar ao cordel azul, com ele eu já poderia dar aulas e ser chamado de professor. Ser mestre nunca foi uma meta para mim. Eu levo a Capoeira muito a sério e ser mestre de Capoeira é uma coisa complicada demais. Mas fui pegando as graduações e de uma certa forma me segurando para eu não chegar na graduação de mestre. Para algumas pessoas e tão fácil chegar a mestre, mas para mim não. Mas fui levado, empurrado e quase que obrigado a pegar a graduação de mestre pelo tempo e pela minha trajetória, que eu tenho orgulho de falar para os quatro cantos do mundo que não foi de mentira. Fui formado pelo Mestre Cid, um mestre que já escreveu seu nome na história da capoeira e mais 60 mestres de renome do Rio de Janeiro. A minha formatura foi um dia incrível, não imaginei que iriam tantos mestres de capoeira, além de tantos outros contramestres e mestrandos, professores e alunos. 95% do Rio de Janeiro estava presente e também minha família meus alunos e meus amigos 
A primeira roda de capoeira que eu fui depois de formado mestre foi a roda do Mestre Titio Russo, de São Gonçalo. Eu não sabia o que fazer, como me portar, ou com quem jogar. Eu estava aterrorizado com aquela corda vermelha pendurada na minha cintura, mas fui jogando e rezando para a roda acabar. Quando a roda acabou foi um alívio para mim. Aí o mestre me apresentou e pediu para eu dar uma palavra. Nossa, eu gelei! Aí eu falei, “Mestre, me desculpe mas hoje foi o pior dia da minha vida!” e me danei a chorar. Saí da roda e fui para um canto e chorei, chorei. Mestre Machadinho e Mestre Linguiça foram atrás de mim e ficaram comigo até eu parar de chorar. Que doideira!



(Maíra Gomes) -Que qualidades um mestre precisa ter?


(Mestre Caçapa) - Qualidades de um mestre? Mestre é um capoeirista como qualquer outro. O cara chegar a mestre já é uma qualidade. A qualidade de cada um está nos olhos de quem vê, então, cada mestre tem os que veem as suas qualidades e as exploram, seguindo-o, respeitando-o e aprendendo com o mesmo.



(Maíra Gomes) -Que tipo de legado o senhor espera deixar para as próximas gerações que virão na capoeira?

(Mestre Caçapa) - Legado? Quando eu morrer pergunte a minha filha que ela vai te responder, risos.


(Maíra Gomes) -Pra finalizar, quem são seus ídolos na capoeira?


(Mestre Caçapa) - Tenho respeito por tantos caras na capoeira que posso ficar um dia inteiro falando, mas ídolo eu só tenho um, Alexandre dos Prazeres, o Mestre Buda. Ele teve uma passagem em minha vida que me fez ter certeza que escolhi o cara certo para eu ter como ídolo. Aniversário do Mestre Burguês em um evento em Curitiba, roda fervendo e eu ali dando meu jeito. Quem estava lá vai saber bem do que estou falando. Eu queria uma coisa, mas apesar de eu estar com mais três comigo na roda, fiquei sozinho, então fui para o fundo da academia e chorei, como nunca tinha chorado na vida. Quando parei de chorar, desci e o Urutum me chamou. Danei a chorar novamente, então Mestre Buda apareceu de carro mandou eu entrar e me levou para a casa dele e ficou a noite toda conversando comigo. Um dia que eu não vou me esquecer jamais!

Contato:

https://www.facebook.com/Mestre.Cacapa?fref=ts

E-mail: m.cacapa73@gmail.com



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